A onda dos preços altos

 Arion Louzada

A inflação no Brasil está elevada e é possível que continue crescente, em certa medida por causa das expectativas e apesar do aumento da taxa de juros. O Banco Central brasileiro (BC) tem se mostrado comprometido com a manutenção de preços relativamente estáveis. Preço é quantidade de moeda, a significar esta um conjunto: unidade de medida, reserva de valor e meio de troca. O dinheiro é como a moeda se expressa. Quando a autoridade monetária é complacente com a inflação os preços sobem, maior será a quantidade de moeda necessária para adquirir-se os bens, os problemas inflacionários eclodem e atingem as pessoas.  

O principal instrumento para limitar o crescimento da inflação é o aumento das taxas de juros. Quando o BC promove o aumento das taxas de juros seguido de outras medidas isso contrai o crescimento da oferta de moeda, mas produz desemprego elevado, ao menos temporariamente. Aumentar as taxas de juros para combater a inflação pode resultar em recessão, senão em depressão.

A injeção de dinheiro pelo BC na economia brasileira, promovida para evitar recessão faz com que os preços de bens e serviços fiquem mais altos. O impacto sobre a demanda agregada é inevitável. 

Quando na economia do país ocorre expansão da demanda agregada há redução do desemprego, mas uma redução à custa do aumento da inflação, que pode prejudicar a economia. Natural que isso cause temor e produza expectativas negativas.

Mas, demanda agregada é o quê? Para além de expressão econômica significa o consumo das famílias + investimento das empresas + gastos do governo + (exportação – importação). DA = C + I + G + (X – M).

Assim como a demanda agregada, a inflação é um termo da economia. Inflação é o aumento generalizado de preços dos produtos e serviços em um determinado lapso de tempo. Como vem acontecendo há algum tempo no Brasil. A inflação, aqui, é calculada por meio de um índice de preços, denominado índice de inflação, que reflete o custo de vida de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos. 

Quando há aumento no custo de vida aumentam as expectativas de inflação. A principal característica da inflação é a diminuição no poder de compra do consumidor, por decorrência dos preços mais altos, que são mais altos porque há aumento de demanda. A demanda aumenta quando o governo emite muita moeda e/ou estimula o crédito com baixas taxas de juros. 

Alguma inflação é saudável para a economia do país, especialmente para o mercado de ações, mas inflação alta conduz muitas empresas ao fracasso.

Quando a inflação está alta muitos investidores tendem a procurar ativos reais, como o ouro, por exemplo. A migração de investimentos em ações das empresas para ativos reais sinaliza expectativa de crescimento da inflação.

Quando a inflação decorre de alta demanda de bens as empresas envolvidas com essa produção e comércio prosperam, especialmente por causa de seu alto poder de fixação de preços.

Os preços dos automóveis e dos imóveis no Brasil sobem espetacularmente com inflação alta, mas esse ritmo poderá diminuir, devido a elevação das taxas de juros impostas pelo BC. A realidade geopolítica, no âmbito internacional, todavia, impõe interdependência econômica entre os países, de tal modo que a inflação no Brasil conta também com o concurso de eventos econômicos externos.

Impossível que as tensões econômicas entre as duas maiores economias do mundo, EUA e China, não produzam efeitos no Brasil, um gigante agrícola. Fatores econômicos internacionais, como a redução ou aumento propositados da oferta de petróleo da OPEP, podem impactar o preço dos combustíveis e as taxas de inflação, por consequência, no Brasil e em outros países.

Os preços da gasolina, do óleo diesel, do gás de cozinha permanecem subindo acentuadamente, por aqui e alhures. Como inflação é o aumento generalizado de preços dos produtos e serviços torna-se muito difícil para a população se proteger da inflação no cotidiano.

As altas taxas de inflação podem tornar-se uma ameaça duradoura quando as expectativas de inflação são altas. Os consumidores brasileiros temem a inflação astronômica. Como não a temer?

Ainda que pareça razoável não esperar para logo uma inflação muito mais alta que a destes dias, por conta do efeito das altas taxas de juros agora impostas ao mercado pela autoridade monetária, impossível olvidar que as expectativas inflacionárias impactam a fixação de preços e as negociações salariais. Por enquanto a onda dos preços altos não dá sinais de arrefecimento.