Arion Louzada
Quando a roda do leme ao capitão parece quadrada não troque o timão, essa provavelmente não é a melhor providência.
Quando a roda do leme ao capitão parece quadrada não troque o timão, essa provavelmente não é a melhor providência.
A tarefa do Ministério da
Economia, no Brasil, é uma das mais importantes atribuídas a um órgão público.
Ele deve andar no encalço de metas econômicas de estabilidade de preços e máximo
emprego, orientando o gerenciamento do sistema de dinheiro e crédito do país, a ser executado pelo Banco Central do Brasil. Ademais de outras obrigações que
lhe estão atribuídas pela lei.
Do Ministério da Economia
a nação espera a estabilidade de preços, que se pode traduzir por ausência de
inflação ou deflação.
Inflação é o aumento
generalizado de preços dos produtos e/ou serviços em um determinado lapso de
tempo. A principal característica da inflação é a diminuição no poder de compra
do consumidor.
Deflação é o processo
inverso: a queda de preços constante e generalizada dos produtos e serviços
oferecidos aos consumidores. A taxa de inflação é negativa. Ainda que isso pareça
bom para os consumidores, pode causar danos à economia. Deflação não é o mesmo
que desinflação. Desinflação é uma diminuição da taxa de inflação – por exemplo,
de 3,5% para 2% - a taxa de inflação fica um pouco menor do que antes.
A desinflação é
saudável, mas inflação e deflação não são saudáveis. À toda evidência, não
falta quem discorde disso.
Quando a inflação é
baixa a economia anda bem. Observe-se o Brasil destes dias. Se pensarmos em um
mar agitado, como por regra é o mar da economia, o Brasil destes dias é um
transatlântico que navega seguindo um mapa científico de navegação. Com inflação baixa as taxas de juros tendem a ser baixas.
Com taxas de juros
baixas as empresas obtêm financiamentos mais baratos, para se expandir e
contratar novos trabalhadores. As taxas de desemprego diminuem. Os discursos inflamados
e inflamáveis dos demagogos diluem-se no meta-marxismo.
No Brasil, como em
qualquer economia em equilíbrio, produtores e consumidores se sentem confiantes
para produzir e consumir mais, ausente o desassossego decorrente da inflação
alta ou variável em demasia.
A manutenção de preços
estáveis implica não somente o controle do nível das taxas de juros, mas também
o nível de reservas dos bancos e o montante de dinheiro circulando na economia.
Tempo todo o
Ministério da Economia e o Banco Central medem
os efeitos da política econômica sobre o conjunto da população. Essa é uma de
suas relevantes tarefas.
Uma meta de longo prazo
para a inflação à taxa baixa se revelará saudável se ocorrer uma média de taxa
baixa em longo prazo.
Inflação baixa e
constante ao ano por muitos anos aponta para inflação baixa futura; disso resulta
que todo brasileiro, consumidor, empresário ou trabalhador poderia planejar com
tranquilidade os seus dias, do ponto de vista econômico. Fosse a inflação 5% neste
ano, 4 % no próximo e 15% no seguinte, bem difícil se tornaria a tarefa de decidirmos,
você e eu, como consumir, investir ou economizar.
O Banco Central usa ferramentas monetárias para impulsionar a economia quando ela enfraquece, como por exemplo fez recentemente com venda de dólares das reservas brasileiras. Um dos principais instrumentos do país contra choques externos na economia são essas reservas, atualmente de US$ 361 bilhões, aproximadamente.
Máximo emprego é o
nível em que o desemprego - aquele que aumenta durante as crises econômicas -, é
eliminado.
A obtenção ou manutenção
de máximo emprego e inflação baixa é meta impossível de ser alcançada, qualquer
que seja o esforço de bons economistas, a quem a Nação confie a condução da economia
brasileira.
Se o Brasil tentasse reduzir
o desemprego continuamente, pressionando mais e mais as taxas de juros, os
consumidores tomariam emprestado quantidades crescentes de dinheiro para a
compra de automóveis, geladeiras, apartamentos, lazer, eteceteras à vontade; a demanda
excessiva produz escassez e esta aumento de preços. O governo perderia o
controle da inflação.
Se Ministério da Economia e Banco Central, por
outro lado, não permitissem a expansão de oferta monetária, preocupados com a
inflação, os consumidores comprariam menos e as empresas atuais esqueceriam quaisquer
planos de expansão e novos empreendimentos deixariam de surgir. Inexoravelmente,
o desemprego aumentaria (porque pessoas seguem nascendo e muitas alcançando a
idade em que tem de prover seu próprio sustento, por meio de algum trabalho).
Por isso que o trabalho
de gestão da economia brasileira é
uma espécie de jogo de aperta e afrouxa.
Com a epidemia do Corona-vírus
a bater em nossas portas, a saúde das
pessoas e a economia das nações sob risco, aqui no Brasil, o Ministério da Economia e o Banco Central brasileiros podem fazer o quê? Eles podem manter a nau verde-amarela da economia
navegando. A economia brasileira poderá ultrapassar a tempestade e seguir em
bom curso, navegando em segurança, se o capitão do transatlântico não reclamar a roda do leme.