"Sorte" não é uma palavra nova: existe desde o
final da Idade Média. No entanto, tornou-se educado entre os millennials
atribuir a tudo o que temos à sorte, e isso, eu acho, é novo. Acadêmicos
iniciantes na minha universidade me dizem que têm “sorte” de receber o salário
mínimo para fazer seus trabalhos de ensino altamente especializados, para os
quais um PhD é um requisito mínimo. Amigos que moram em Londres me dizem que
têm sorte de alugar um quarto em um apartamento minúsculo que custa mil libras por
mês. Trabalho duro, auto-sacrifício, precariedade: todos estes são
cuidadosamente mascarados por uma retórica de sorte.
Embora seja educado
enfatizar as maneiras pelas quais temos sorte, e embora seja valioso nos
lembrarmos das maneiras pelas quais as pessoas estão em situação pior, na
verdade não fazemos nada para ajudar a nós mesmos ou àqueles outros se
afirmarmos que tudo na vida é uma questão de sorte. A precariedade é um
resultado da política econômica. A sorte não tem nada a ver com isso.
MOZLEY, Fiona